Na pintura de José Nasser uma visão construtiva escolhe, recorta, redimensiona. A rede de significação é o resultado das ambigüidades de uma visão horizontal, que faz o trabalho ultrapassar os limites da tela, ao apropriar-se do seu contorno, e uma visão vertical – para dentro – que mergulha na própria materialidade da obra e , consequentemente , em sua singularidade. Ambas as visões se completam e dialogam entre si, alimentando-se mutuamente.
Considerando-se a trajetória do artista, essa visão construtiva tem selecionado, recortado, relativizado os elementos constituintes da pintura em si e do ato de pintar. A gestualidade informal convive com o desenho , a lavagem , a impressão. A passagem gradativa do figurativo ( dos trabalhos iniciais ) ao não figurativo caminha de forma a viabilizar uma volta ao figurativo enriquecida pela experiência do ser-abstrato, que acaba por conviver pacificamente com a figura que nele se vela e desvela.
Célia Seabra /2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário